sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

EU ACHO QUE JÁ VI ESSA HISTÓRIA ANTES...

Nunca acompanhei a euforia de muitos investidores com as empresas de Eike Batista.

O primeiro pensamento que me ocorreu, quando ouvi falar de seus negócios, foi que estavam contando com o ovo dentro da galinha. E isso é extremamente perigoso.

Podem até dizer "agora é fácil falar". Mas meu raciocínio foi o seguinte: acompanho, mesmo que superficialmente, várias histórias de multinacionais, como a da VALE, por exemplo, que é gigantesca, em todos os sentidos, e mesmo assim mata um leão todos os dias para chegar azul no final do ano. E ela está em total operação. Ela não é um projeto, um sonho, ela produz e comercializa toneladas e toneladas de produtos em diversos segmentos da indústria.

Então, se até uma empresa assim precisa matar um leão por dia, como é que projetos, sonhos, promessas, podem gerar algum capital? Podem transformar custos altíssimos em lucros? Era pior do que um negócio virtual. Pelo menos pra mim. Perdoe-me algum investidor se ler isso, mas pra mim era mais ganancia do que pé no chão. Só entrava dinheiro, nada era produzido. A vida comprovou que, dessa vez, eu estava certo.

Acabo de ler uma história muito parecida sobre um assunto que todo brasileiro ouviu falar: pré-sal.

Novamente, quando me informei melhor sobre esse assunto, de imediato percebi que era outro ovo dentro da galinha. Para dar certo existem muitos "ses". O mais evidente é que o preço internacional do petróleo bruto precisa se equilibrar num patamar que resolva a seguinte equação: o preço dele para a Petrobrás vendê-lo (exportá-lo) deve ser suficientemente alto para abater o custo (altíssimo) da extração dele do pré-sal mais os gastos que a empresa tem com importação de gasolina e óleo diesel.

Mas tem um cachorro correndo atrás do rabo nessa história, porque se ele for muito alto, o preço da gasolina e do óleo diesel também serão.

E esse é apenas o primeiro e grande "se". Como estava contando, acabo de ler a respeito de outro "se". A principal e maior empresa do pré-sal, criada pela própria Petrobrás para construir e alugar as bilionárias (prestem atenção à expressão: não, não são caríssimas, são bilionárias) sondas usadas nessa operação, está sem dinheiro em caixa, sentada em empréstimos e mais empréstimos, também bilionários, e com fuga de sócios.

Mas a notícia fica um pouco pior. Segundo a reportagem, quem anda emprestando dinheiro a rodo para essa empresa, que aliás se chama Sete Brasil, são justamente o BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Ou seja, nós, o povo brasileiro. Já perceberam o desastre potencial? Seria como um trem caindo no precipício: um vagão puxa o outro.

Só está faltando um Eike com discursos de adolescente deslumbrado para a história ficar igual.

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/12/1557354-maior-empresa-do-pre-sal-esta-sem-dinheiro-e-perde-socios.shtml