sábado, 24 de janeiro de 2015

TERRORISMO E LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Terrorismo não é guerrilha. Terrorismo, como o próprio nome diz, visa essencialmente espalhar o terror, o medo, o pânico pela população atingida. Não tem intenção de assumir o poder político da região que é atacada, nem de atrair a simpatia da população. Por isso não se importa com o perfil das pessoas atingidas pela sua ação, procurando apenas causar o maior número de sofrimento possível. Ocupa, assim, lugar especial no índice de maldade imaginável pelo ser humano, ao lado da tortura.

Não pretendo aqui trazer uma luz definitiva sobre a polêmica criada pelo ataque terrorista, de pessoas que se diziam guiadas pelo islamismo, contra o jornal francês Charlie Hebdo. Apenas uma sugestão.

Em confronto duas ideias que calam fundo ao mundo ocidental, àqueles que possuem algum grau de instrução e que defendem a democracia: de um lado a liberdade de expressão, de outro o respeito ao próximo. Alguns argumentaram que se começarmos a limitar ou censurar a liberdade de expressão, corremos o risco de sermos obrigados a fecharmos as portas de todo e qualquer meio jornalístico, pois seria impossível atender a todas as demandas por censura. Ao mesmo tempo, como fica o respeito aos sentimentos de terceiros? Até que ponto é lícito, aceitável e justificável ofender a conduta, a moral ou a ideologia de alguém? Não estariam tais direitos inseridos na bandeira que modificou o mundo em 1789: Liberdade, Igualdade e Fraternidade? Garantimos a Liberdade mas não a Fraternidade? E ainda: tudo tem limite, menos a liberdade de expressão?

Como disse ao início, polêmica é polêmica. Tenho opinião formada, mas não a externarei no momento porque ainda não me sinto suficientemente preparado. Todavia, deixo uma sugestão que acredito poderia servir bastante bem para nortear as liberdades de expressão. Aqui vai: você está caminhando pela savana Africana, fazendo turismo, desarmado, e de repente se vê frente a frente com um rinoceronte de 2 metros de altura, pesando 4 toneladas, há 50 metros de distância. O rinoceronte, após alguns segundos, parte pra cima de você. O que você faz? Algumas pessoas e alguns grupos populacionais, quando se trata de debate de ideias, ainda são como rinocerontes para mim, mesmo em pleno século XXI. Quando sou obrigado a interagir com elas, ajo de acordo. Na savana, assim como no mundo dos homens, o melhor a fazer é ficar o mais distante possível do rinoceronte e evitar a todo custo ser alvo de sua atenção, pois, como se sabe, ele não é sensível e nem está disposto a ouvir nossos argumentos. Só o que sabe fazer é nos atropelar.