Terrorismo não é guerrilha. Terrorismo, como o
próprio nome diz, visa essencialmente espalhar o terror, o medo, o pânico pela
população atingida. Não tem intenção de assumir o poder político da região que
é atacada, nem de atrair a simpatia da população. Por isso não se importa com o
perfil das pessoas atingidas pela sua ação, procurando apenas causar o maior
número de sofrimento possível. Ocupa, assim, lugar especial no índice de
maldade imaginável pelo ser humano, ao lado da tortura.
Não pretendo aqui trazer uma luz definitiva sobre
a polêmica criada pelo ataque terrorista, de pessoas que se diziam guiadas pelo
islamismo, contra o jornal francês Charlie Hebdo. Apenas uma sugestão.
Em confronto duas ideias que calam fundo ao
mundo ocidental, àqueles que possuem algum grau de instrução e que defendem a
democracia: de um lado a liberdade de expressão, de outro o respeito ao
próximo. Alguns argumentaram que se começarmos a limitar ou censurar a
liberdade de expressão, corremos o risco de sermos obrigados a fecharmos as
portas de todo e qualquer meio jornalístico, pois seria impossível atender a
todas as demandas por censura. Ao mesmo tempo, como fica o respeito aos
sentimentos de terceiros? Até que ponto é lícito, aceitável e justificável ofender
a conduta, a moral ou a ideologia de alguém? Não estariam tais direitos
inseridos na bandeira que modificou o mundo em 1789: Liberdade, Igualdade e
Fraternidade? Garantimos a Liberdade mas não a Fraternidade? E ainda: tudo tem limite, menos a liberdade de expressão?
Como disse ao início, polêmica é polêmica.
Tenho opinião formada, mas não a externarei no momento porque ainda não me
sinto suficientemente preparado. Todavia, deixo uma sugestão que acredito
poderia servir bastante bem para nortear as liberdades de expressão. Aqui vai:
você está caminhando pela savana Africana, fazendo turismo, desarmado, e de
repente se vê frente a frente com um rinoceronte de 2 metros de altura, pesando
4 toneladas, há 50 metros de distância. O rinoceronte, após alguns segundos,
parte pra cima de você. O que você faz? Algumas pessoas e alguns grupos
populacionais, quando se trata de debate de ideias, ainda são como rinocerontes
para mim, mesmo em pleno século XXI. Quando sou obrigado a interagir com elas, ajo
de acordo. Na savana, assim como no mundo dos homens, o melhor a fazer é ficar
o mais distante possível do rinoceronte e evitar a todo custo ser alvo de sua
atenção, pois, como se sabe, ele não é sensível e nem está disposto a ouvir
nossos argumentos. Só o que sabe fazer é nos atropelar.