sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Ditados da Cultura Americana nos quais Acredito

There is no such thing as a free lunch = não existe almoço grátis.

Nada é de graça. Alguém pagou por aquilo para outra pessoa. Alguém gastou tempo trabalhando para produzí-lo.

If you pay peanuts, you get monkeys = ao pé da letra: se você paga com amendoins, você contrata macacos.

Acho que a idéia é: se você paga mal, só vai conseguir colaboradores desqualificados.

Me Chama de Coxinha

O texto a seguir pertence a terceiros. Não se conhece a identidade do autor porém achei que o texto dá uma boa resposta para uma turma que, ao invés de participar do debate, gosta de rotular os que não pensam como eles com palavras e apelidos chulos, como coxinha. Parabéns ao autor, seja ele quem for.

“Quer me chamar de coxinha, paneleiro, elite branca, bebedor de Black Label (parabéns pra esse último! Sensacional!)…Ok. Acho até divertido… mas faz um favor para o seu país antes: emprega alguém! Na CLT! Paga tudo direitinho! Pega toda a sua grana e coloca na sua ideia…
No seu negócio. Pega um financiamento, com a maior taxa de juros do mundo, e arrisca seu pescoço na sua iniciativa… Aluga um escritório ou uma loja! Compra um estoque! Corre o risco de verdade! Se o governo tirar o incentivo para o consumo, não desanima…
Pega outro empréstimo, com a maior taxa que o mundo moderno já viu! Paga os juros do primeiro empréstimo com outro empréstimo! E vai com fé na sua idéia! Paga o décimo terceiro e as férias do teu funcionário! Sem vender merda nenhuma em Dezembro… Janeiro… Fevereiro… Nem no mais lindo Carnaval do mundo, quando todo mundo para de trabalhar… Ou na Copa das Copas que te deu 12 dias úteis num mês corrente…
Paga mais para os teus fornecedores, já que os seus custos também aumentaram devido à energia, gasolina e dólar… Mas, diminui o seu preço, pra tentar ser competitivo numa economia recessiva…
Então, tenta fazer com que uma estrutura enxuta seja perene. Acaba com sua eficiência! Vai ser difícil, já que o seu cliente está quebrado e não pode te pagar mais… E corre o risco de quebrar de vez, perdendo todo capital que você investiu… Fez tudo isso? Então beleza!!! Me chama do que quiser… Você é um herói e não me interessa qual partido apoia! Tem o meu respeito!!!

Não fez nada disso? É político de carreira? Está encostado em alguma bolsa? Mama na teta do governo? É vagabundo?  E pensa que pode falar sobre patrão e empregado, classes sociais, oportunidades e exploração da cadeia produtiva…Desculpa, mas…Cala a boca!”


domingo, 9 de agosto de 2015

Brasil, País do Futuro


Meu pessimismo está a mil! O domingão deixou meu espírito preparadíssimo: solidão, saudade, saúde complicada, do jeito que o capeta gosta. Para aproveitar a fase, lá vai mais uma.

Stefan Zweig,
 escritor, romancista, poeta, dramaturgo, jornalista e biógrafo nascido em 1881 em Viena, Áustria, e falecido no Rio de Janeiro em 1942, onde cometeu suicídio, escreveu um livro em tom jornalístico chamado "Brasil, País do Futuro", publicado em 1941. 

Não possuo conhecimento suficiente nem possui importância para esse texto, saber se foi a primeira vez em que essa expressão foi utilizada, o que parece ser, pela data. Em minha vida já a ouvi várias vezes. Eu a associo a outra expressão que foi atribuída ao Professor e Economista Antonio Delfim Neto, a quem admiro por sua erudição e profundo conhecimento na área de economia (não quer dizer que concorde com todas suas ideias). Refiro-me  à frase "para repartir o bolo é preciso esperar que ele cresça". Apenas para registro, o ex-Ministro repudia e não reconhece esta paternidade.

Na época em que esta segunda expressão ficou famosa, era uma espécie de desculpa que o governo utilizava para justificar sua ineficiência em conseguir que o país progredisse como necessário, em melhorar a distribuição de renda.

Sem sombra de dúvida, o Brasil progrediu, mesmo que não da mesma forma, junto com os países mais desenvolvidos , desde que me conheço por gente. Hoje temos internet, indústrias, comunicação e interatividade com o resto do mundo. Mas ainda não conseguimos deixar de ser o país do futuro.

O que melhor demonstra essa condição ainda é a falta de patentes, de produtos originalmente desenvolvidos aqui. Em nosso dia-a-dia utilizamos smartphones chineses com chips e programas coreanos ou americanos; carros alemães, italianos, japoneses e agora também coreanos; medicamentos americanos, alemães, israelenses e assim por diante.

Temos nichos de excelência, sim. A nossa tão patriota e politicamente utilizada Petrobrás é um bom exemplo. Nome que nos traz terríveis lembranças nos dias de hoje. Mas não é sobre isso o assunto. Temos válvulas para o coração, da minha cidade natal. E não poderia deixar de citar aquele que considero o maior caso de sucesso brasileiro: o trio AMBEV: Jorge Paulo Lemann,  Marcel Hermann Telles e Carlos Alberto Sicupira, a quem admiro por sua competência empresarial. Bem, esses últimos não se encaixam na ideia de patente brasileira inovadora para o mundo. Mas sua maneira de administrar negócios sem dúvida impôs mundialmente a cara brasileira, em vista das inúmeras empresas líderes mundiais das quais são donos.

Mas o Brasil continua sendo e, pelo andar da carruagem, não se vislumbra nem num longínquo espaço de tempo qualquer mudança em sua posição de País do Futuro. Desenvolver e por em produção patentes próprias envolve pilares econômicos que não fazem parte da cultura brasileira. Educação como prioridade para a família é a principal delas. Política industrial de longo prazo, respeito aos contratos, legislação tributária padronizada e de fácil administração pelo contribuinte, além de uma infraestrutura que acompanhe as necessidades do povo e da produção com uma defasagem máxima de 5 anos. Esses são apenas aqueles que considero principais e que mais me interessam.

Apenas como exemplo vamos falar de educação e infraestrutura. No Brasil o custo médio de construção do quilômetro de uma rodovia é de R$ 6,4 milhões. É muito dinheiro. Fora alguns casos, digamos, "especiais" em que se gastou R$ 16 milhões por quilômetro, como ocorreu num trecho da BR-440 que corta Juiz de Fora/MG. Mas o que ocorre, no Brasil, além da falta de estradas, mesmo quando elas são construídas, reformadas ou ampliadas, isso ocorre com tanto atraso que a necessidade geralmente seria o dobro ou o triplo do que foi feito. Ou seja, além de chegar com 20, 30 anos de atraso ou mais, quando finalmente chegam vem apenas a metade ou um terço da dose que seria recomendada para o paciente. Enquanto os países desenvolvidos aplicam entre 4% e 12% do PIB em infraestrutura, o Brasil só consegue aplicar 0,5%. Segundo especialistas, seria necessário que o Brasil investisse 5% do PIB em infraestrutura pelos próximos 5 anos apenas para tirar o atraso. Ou 10 vezes mais o que é investido hoje, o que todos sabemos jamais acontecerá.

Hoje existe um reconhecimento da extrema necessidade de se aumentar o nível educacional do brasileiro, por parte dos governos. Mas uma coisa é saber o diagnóstico, outra coisa é conseguir curar o paciente. 
Consideradas apenas pessoas entre 25 e 34 anos que possuem diploma de grau universitário, segundo relatório de 2011 da OCDE (veja no google que bicho é esse), o Brasil consta na 36a colocação, numa lista de... 36 países.  Segundo relatório da citada entidade do ano de 2010, enquanto apenas 12% dos estudantes brasileiros que terminam o ensino médio entram na universidade, no Chile o índice é de 38% e no México de 22%. Dessa vez o Brasil aparece em penúltimo lugar na lista da OCDE, ganhando apenas da China.

No nosso meio universitário, principalmente nas melhores universidades gratuitas, ainda domina uma visão retrógrada e sem qualquer base racional de que as universidades são apenas para formar o estudante e não para fazer parcerias com as empresas.  Valha-me Deus, nem acredito que são pessoas com mestrado e doutorado falando uma besteira desse tamanho! Seria o conhecimento pelo conhecimento? De que vale o conhecimento que não se aplica ao mundo real, que não leva mais conforto, segurança ou saúde ao ser humano? E isso só é possível com experiências junto às empresas de verdade. Certo, formar o estudante.... para quê mesmo? Ah, sim, para o mercado! E não para ele ficar contente em saber tanta coisa, né? 

Poderíamos prolongar a ladainha no setor da saúde, da segurança, mas isso seria enfadonho e foge ao objetivo do texto.  Tenho hoje 50 anos de idade e vislumbro hoje um país que acompanha as novidades tecnológicas do mundo mas que não consegue traduzir em conforto e prosperidade à população, com diretrizes sólidas que indiquem que o Brasil é um país do presente, que deixou para trás desculpas e singelas esperanças e não é mais aquele eterno país do futuro decantado desde 1941 por um escritor austríaco que se encantou por nossas terras, como acontece com tantos estrangeiros que se iludem por nossas belezas naturais e nossa liberalidade, se esquecendo de ver o sofrimento do dia-a-dia do povo e a ausência total de projetos de longo prazo.


O Brasil tornou-se especialista em perder os bondes da história. Perdeu o bonde das comodities, perdeu o bonde das contas atuariais associadas à nossa demografia e está perdendo o bonde do pré-sal. Bem, me restam em torno de 20 anos de vida e me aposento em 8 anos. Aos que ainda têm a vida toda pela frente, bom futuro!