terça-feira, 26 de maio de 2015

ESCOLA E DESENVOLVIMENTO DO BRASIL

Quem me conhece sabe que sou pessimista. E como todo bom pessimista me auto considero apenas realista.

Eu gosto demais do tema educação. Já produzi 3 apresentações em forma de slides a respeito do tema, baseadas em reportagens publicadas na VEJA.

Acompanho com bastante atenção as publicações estatísticas do governo brasileiro e da OCDE - olhem no google o que significa. Sigo os artigos a respeito do assunto, escritos por especialistas. Fico tentando descobrir o que nos falta para sermos iguais aos países que produzem estudantes brilhantes.

E escrevo esse texto porque infelizmente acho que descobri.

Infelizmente porque não tenho boas notícias. Depois de ler e estudar muito a respeito do assunto, é com tristeza que informo, a quem porventura ler esse texto, que o Brasil não vai atingir o mesmo nível dos melhores países, no que diz respeito à capacidade de conhecimento de sua população.

Não é só uma questão de qual porcentagem do PIB um país gasta com isso. Não é só o salário do professor, embora um dos problemas seja esse por uma questão muito básica, já há muito descoberta pelos pesquisadores do assunto: a baixa atratividade salarial e de carreira acabam afastando da profissão as melhores cabeças. Mas não, não é isso. Além disso, sinto informar aos que cursam pedagogia: as secretarias de educação do país, no nível de ensino fundamental, seja municipal ou estadual (as federais tem um pouco mais de dinheiro) não possuem e nunca possuirão dinheiro suficiente para suportar por longo prazo uma folha de pagamento gorda e uma boa manutenção das suas instalações físicas, devido o tamanho de ambas. Se você é um professor municipal numa cidade humilde que lhe proporciona uma carreira interessante, ponha os joelhos no chão e agradeça, aqui você é um privilegiado.

O motivo é outro e muito simples: o brasileiro não tem prazer no aprendizado; ele simplesmente não é, não quer e não será assim.

Minha experiência pessoal nessa área é a seguinte: sempre fui um dos primeiros em todas as salas de aula por que passei. Obtive excelente classificação em todos os concursos em que fui aprovado. Porque desde que me conheço por gente eu não aceito não saber uma coisa que me interessa. Não saber algo que é do meu interesse, seja matemática, história ou geografia, me angustia de tal forma que corro atrás e aprendo.

Na minha formação básica sempre estudei em escolas muito humildes, que passavam longe de serem consideradas de primeira categoria, ou que propunham a seus alunos as mais eficientes práticas pedagógicas. Durante apenas um ano estudei numa escola particular. Justamente no último ano antes de entrar na faculdade.  Todos os outros anos de estudo foram feitos em escolas estaduais, as menos eficientes hoje, em cidades pequenas. Essa foi minha educação formal, hoje chamada de ensino fundamental. Fiz uma boa faculdade apenas - pública. Então o que fez a diferença para o nível de conhecimento e diploma que atingi em minha vida foi... apenas a minha vontade.

E minha pesquisa e leitura a respeito do assunto somente confirmou ainda mais essa minha conclusão. O que os países da OCDE que se posicionam nos primeiros lugares dos resultados educacionais têm é justamente um grande interesse, por parte de sua população, por aprenderem, por estudarem com perseverança e seriedade. E é justamente o que falta ao brasileiro. Não é sua praia; não é seu perfil; não lhe toca o coração.

Hoje, muito mais do que na minha época de estudante neófito, o conhecimento está fartamente disponível, em cores, gráficos, fotos, textos inclusive de renomadas universidades, em vídeos e de graça, pelos melhores professores que se poderia imaginar, na internet. Claro, desde que se tenha tempo e um computador. Basta apenas o que acabei de falar, o mais importante: VONTADE e prazer do usuário em aprender. A informação nunca esteve tão descentralizada e independente das grandes cidades ou de escolas de renome. Depende, mais do que em qualquer tempo, única e exclusivamente do aluno.

E isso o brasileiro não tem e não parece que irá ter sequer em longo prazo. Se alguém souber como se insere isso na personalidade, por favor, nos salve, porque sem isso não há (não duvide nem por um segundo disso), repito: NÃO HÁ a menor possibilidade do Brasil dar o passo que falta para se inserir no primeiro mundo. Nem petróleo, nem soja, nem aço, nem governo, nem líder, nem político nem nada pode fazer isso pelo Brasil.

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