Ontem assisti a um filme do qual gostei muito:
O Jogo da Imitação. É o nome de um dos trabalhos acadêmicos do grande
matemático inglês Alan Turing.
Alan Turing é um dos pais da computação. A
máquina que desenvolveu, para decifrar a criptografia utilizada pela Alemanha
durante a 2ª Guerra Mundial, é considerada um dos primeiros computadores. A
teoria de seu funcionamento é utilizada até hoje nos livros da área e recebeu o
nome de “máquina de Turing”, em sua homenagem.
Turing é um dos gênios matemáticos que passaram
pela Terra, tão precoce quanto outros nomes famosos. Tem-se oportunidade de
conhecer em detalhes, através do filme, como pensa e se relaciona com o mundo
uma pessoa que tem esse dom que é ao mesmo tempo uma maldição.
Fiquei emocionado ao descobrir que conseguiram colocar num filme, de maneira muito realista, as dificuldades de adaptação à vida real de pessoas assim, de pessoas como eu. Os filmes a respeito de matemáticos famosos a que havia assistido, até agora, nunca conseguiram captar esse ponto de vista com realismo.
Costumo dizer que, para fazer o que fazemos,
para gostar do que gostamos, é preciso nascer com o defeito certo no cérebro. Somente
a idade me mostrou que as dificuldades de convivência social que sentia proviam
desse defeito perfeito.
Acredito ser essa a causa de uma desistência em
torno de 50%, nos cursos da área de informática, logo no primeiro ano. Muitos
do público que gosta de videogames pensam ter aptidão para a carreira, mas logo
descobrem que os desafios inerentes à área exigem um ajuste a mais de alguns parafusos,
que nem todos têm. Até parafusos tortos parecem ajudar.
Ele nos permite sentir extremo prazer ao passar
horas e horas tentando decifrar ou descobrir uma solução para um problema
lógico, matemático. Praticamente não há frustração nessa busca. É uma obsessão incontrolável
que derrama serotonina o bastante para fazer com que o cansaço só seja
percebido após muitas horas de esforço mental. E só há prazer em recomeçar no
dia seguinte.
Mas ao mesmo tempo, como ficou bem demonstrado
no filme, a convivência social se torna um fardo. O relacionamento com as
pessoas precisa ser estudado, conceituado e rotulado, como acontece com Turing
no filme, para que consigamos dar alguns passos, enquanto a maioria das pessoas
já andaram várias quadras. Como um ET, relacionar-me com as pessoas é um aprendizado muito mais difícil do
que qualquer problema matemático com que já tenha me deparado.
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