sexta-feira, 26 de setembro de 2014

SOU FAVORÁVEL À LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS

Eu sei, é polêmico. Deixa eu me explicar.

Por mais de uma década trabalhei com apoio policial militar. Claro que viramos amigos e nos confraternizamos. Trocávamos impressões e confidências.

Um dia estavam presentes o sargento e mais 2 soldados. Lá pelas tantas, acho que devido a uma reportagem, o assunto drogas surgiu. Para minha surpresa, a resposta à pergunta sobre a posição do sargento em relação à liberalização da maconha, foi: "sou favorável!". E ele ainda emendou: "não só com relação à maconha, mas a todas as drogas!".

Fiquei perplexo, sem saber o que pensar, sequer dizer. O sargento do pelotão que, eu sabia, era um dos mais ativos na região contra o comércio de drogas, era favorável à sua legalização?! Todas?!
Quis ver se algum dos soldados tinha algo a mais para (contra)dizer. Não, não tinham, iam ambos pelo mesmo caminho do sargento. Pedi e eles expuseram suas razões, as quais vou passar a delinear em instantes.

Fiquei refletindo sobre aquela conversa durante muito tempo. Comecei a observar como a sociedade tratava ou aceitava as duas drogas lícitas mais famosas e comuns: o cigarro e a bebida alcoólica.
Passado algum tempo, fiquei sabendo que FHC participara de um filme a respeito da legalização das drogas e tive a oportunidade de assisti-lo na TV. O documentário se chama Quebrando o Tabu. Novamente fiquei surpreso com o resultado de uma certa liberalização em alguns países europeus. Minha opinião começou a mudar.

Mas minha conclusão final ocorreu por ocasião em que tive acesso a um excelente documentário americano chamado How to Make Money Selling Drugs - Como Ficar Rico Vendendo Drogas. Foi a gota d´água. Estava percorrendo os canais, sem sono, de madrugada, e dei de cara com esse título insólito, num canal Discovery. Fiquei curiosíssimo para saber do que se tratava. Afinal, Discovery tem um nome a zelar e é famoso por documentários sempre sérios e realistas.

Nele o diretor mostra a farsa que é o combate ao tráfico de drogas nos Estados Unidos. Vejam, farsa não porque os policiais americanos fazem de conta. Há combate real e violento ao tráfico de drogas pelas polícias americanas. Mas as regras criadas para esse combate transformaram essas forças em engrenagens de uma máquina que tem como único fim arrecadar verbas públicas, cada vez mais, para custear todos os seus programas, ao mesmo tempo que o tráfico aumenta em número de usuários, quantidade de droga comercializada e de dinheiro envolvido, apesar de tantas batalhas vencidas pela polícia, transformando tudo num sistema em que o cachorro corre atrás do rabo.

Essa é a conclusão a que chega quem assiste de maneira imparcial esse vídeo: o combate ao tráfico de drogas no mundo é um cachorro correndo atrás do rabo. Não há como vencê-lo, pelo contrário, cada dia que passa é uma guerra perdida.

Ambos documentários citados mostram ainda um outro flagelo criado como consequência do atual sistema de combate ao narcotráfico: o aumento da injustiça e do caos nos sistemas penitenciários.
Desafio alguém a provar como uma droga pode ser mais prejudicial à sociedade do que outra. Não esqueçam que estamos falando também do cigarro e das bebidas alcoólicas. Então, se essas duas são aceitas socialmente, por que transformar as outras em crime, permitindo que bandidos armados detenham seu controle e colham os lucros de seu comércio? 

Vejam, não há aqui apologia ao seu consumo. Pelo contrário, deixo claro que o abomino. Porque abominável é qualquer vício, inclusive o vício causado pelo cigarro e pela bebida. Mas é uma das maiores estupidezes tentar proibir algo quando a sociedade decidiu o contrário. Ainda mais gastando-se para isso bilhões e bilhões de dólares e vidas inutilmente.

Até agora o único resultado da maneira como problema é tratado é o aumento de vítimas e o enriquecimento do crime organizado. Como já foi dito por alguém, a vontade da sociedade não se dobra com decretos.

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